sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O governo Dilma e a droga

Por Reinaldo Azevedo

O consumo de crack é hoje um flagelo nacional. Há notícias de que a “pedra” chegou a comunidades indígenas dos rincões do país. A “cracolândia” como símbolo de um problema paulistano é uma coisa do passado. A droga se alastrou. O problema foi ignorado pelo governo Lula, que deu de ombros para o problema do tráfico de qualquer substância. Ao contrário até. Países como a Bolívia, que “exporta” ao Brasil 80% da cocaína que aqui se consome, e Paraguai, grande fornecedor de maconha, foram tratados a pão-de-ló. O BNDES financia uma obra em terras bolivianas que é chamada de “estrada da coca”. Lula deixou-se fotografar ao lado de Evo Morales, o índio de araque, exibindo um vistoso colar de folhas de coca.

Maconha, cocaína e, a rigor, qualquer droga - mesmo as lícitas, como os remédios - podem devastar um indivíduo depois de muito tempo de consumo. O crack tem-se mostrado único na velocidade com que destrói a vida do usuário. Em poucos dias, torna-se um zumbi. Como perde todos os parâmetros, a vida em sociedade se torna impossível, e o caminho da marginalidade é certo. Se outras substâncias permitem o convívio social - podemos estar falando com consumidores de drogas sem que o saibamos -, o crack expulsa o viciado de casa, do trabalho, do círculo de amigos.

E Dilma, clonando o adversário José Serra, prometeu se empenhar na guerra ao crack, reprimindo o tráfico e tratando os doentes. Foi o que ela falou durante a campanha. Então vamos ver o que ela fez. Seu governo nomeou para a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) ninguém menos do que Pedro Abramovay. O órgão migrou da Secretaria de Assuntos Estratégicos para o Ministério da Justiça. É ele que vai coordenar o tal programa conta o crack - se é que existirá um algum dia.

Em entrevista ao Globo, publicada na terça, o rapaz se disse contrário à prisão de “pequenos traficantes”, aqueles, segundo se entende, que traficam para poder consumir - como se a destinação que um indivíduo dá a seu nariz ou a seu pulmão mudasse a qualidade daquilo que ele faz: TRÁFICO!!! O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que nomeou Abramovay, não pode nem mesmo alegar ignorância. Em 2009, ele defendeu publicamente essa mesma posição.

A política antidrgoas em curso já descriminou, na prática, o consumo. Quem for flagrado com alguma substância ilegal para uso pessoal não vai mais em cana. A decisão até pode aliviar os presídios, claro!, mas é estúpida no que concerne ao combate às drogas. Fica parecendo que o consumidor não é um dos elos da cadeia criminosa. E é! Aliás, sem ter quem cheire e fume, não há como vender o que se cheira e o que se fuma, não é mesmo? Mas vá lá…

Bom esquerdista, Abramovay aprendeu as lições do “etapismo”. Como se diz em Dois Córregos, “você dá o braço, eles logo querem a perna”. O homem que deve coordenar o programa do governo Dilma contra o crack quer soltar os “pequenos traficantes”. Segundo diz, trata-se de uma visão estratégica. Na cadeia, esses “pequenos” acabariam se ligando forçosamente aos grandes. Entendi: Abramovay acredita que o jeito de se coibir o crime grande é ser tolerante com crimes pequenos.

As opiniões de Abramovay expõem o real compromisso do governo Dilma com o combate ao crack. Na sua primeira entrevista, o rapaz encarregado de tocar o programa defende a liberdade para traficantes - só os pequenos, naturalmente! Ora, dá-se, assim, um sinal.

Alguém acredita que desse mato vá sair coelho? Que desse pântano possa brotar alguma flor que preste? Cardozo se apressou em afirmar que a opinião de Abramovay não é a do governo. E daí? Se não é, por que ele está ocupando um cargo estratégico? Sua opinião a respeito, reitero, não é nova. Se está no cargo, é porque o governo condescende com ela. O sujeito não foi nomeado por acaso.

Estamos diante de uma tática petista bastante manjada. Enquanto, oficialmente, executa-se uma política, põe-se uma outra para operar nos bastidores. Ora, se o governo não quer pôr na rua os “pequenos traficantes”, então tem é de pôr Abramovay na rua.

Ontem, ele se transformou num herói de sites que defendem a descriminação da maconha. É justo! Ainda não subiu num palco e cantou, como fez certa feita o então ministro Carlos Minc. Esse rapaz ainda em muito o que aprender…

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A mídia também é responsável pelo preço alto dos produtos?

A mídia tem responsabilidade com relação ao fato de os produtos no Brasil serem muito mais caros do que nos países desenvolvidos? Você pode responder a esta pergunta na enquete que está ao lado e foi postada há pouco na página do Sindicato na internet. Na enquete anterior, sobre o sensacionalismo da imprensa na cobertura de casos policiais de repercussão, 40% concordaram que as informações são apimentadas para aumentar as vendas, 30,8% consideraram que só existe preocupação em divulgar detalhes cruéis, sanguinários e macabros desses casos, enquanto 15,4% avaliaram que o papel da imprensa é mesmo o de transmitir essa realidade e somente 12,3% optaram pela opinião de que a mídia explora as informações para atender à expectativa dos leitores mais curiosos.



Enquete atual
A mídia tem responsabilidade pelo fato de os produtos serem mais caros no Brasil do que nos países desenvolvidos?


Sim. A mídia não cobra com efetividade a redução da carga tributária.
Sim. A mídia é conivência e omissa com a ganância do empresariado.
Não. Tudo aqui seria mais caro se não fossem as denúncias da mídia.
Não. A mídia tem poderes limitados para combater os preços altos.


Enquete anterior


A imprensa é sensacionalista na cobertura de casos policiais de grande repercussão?
Sim. Apimenta a informação para aumentar as vendas......40,0%
Sim. Só divulga detalhes cruéis e sanguinários..................30,8%
Não. É papel da imprensa transmitir essa realidade..........15,4%
Não. Apenas atende à expectativa do leitor mais curioso.12,3%

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O festival de besteiras de novos ministros, com destaque para Mercadante

Por Reinaldo Azevedo

A posse de vários ministros, ontem, forneceu já vasto material para o futuro febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País) do governo Dilma. Tivemos Ideli Salvatti (Pesca) - aquela que não distingue uma tilápia de um pirarucu - indignada porque se referem a ela de modo jocoso, indagando quando peixes ela já pescou na vida. Garibaldi Alves Filho, da Previdência, admitiu: Dilma certamente preferiria alguém mais qualificado do que ele para o cargo, de que não entende nada. E lembrou que Edson Lobão, nas Minas e Energia, padece de seu mesmo mal. Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, tentou convencer os militares de que a tal Comissão da Verdade - porta aberta para o revanchismo - é uma coisa boa para os próprios militares… Mas foi o inexcedível Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, a dar um show.


Atrasado na ciência ao menos uns 200 anos, o valente disparou que o Brasil “será o primeiro país tropical desenvolvido”. A Austrália sofre com uma enchente dos diabos agora, mas não se ouve falar de grandes catástrofes humanas justamente porque se trata de um país… desenvolvido!!! E, saiba o ministro Mercadante, também “tropical”, com um dos maiores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo.


A bobagem revela uma cabeça atrasada, sem o devido preparo intelectual para o cargo. E pensar que esse portento obteve há três semanas o título de “doutor em economia” pela Unicamp - com uma “tese” cantando as glórias do governo Lula! A suposição de que o clima determina o grau de desenvolvimento (e o Brasil seria o primeiro a superar o entrave) está lá com as teorias deterministas do fim do século 18 e do século 19, que associavam o calor ao atraso e à indolência. Montesquieu, que prestou serviços relevantes ao pensamento, estava certo de que muito calor conduzia à tirania…


Se é para exaltar o pioneirismo do PT, Mercadante não se importa em extinguir a Austrália ou em aderir às teses as mais esdrúxulas. O homem é um empirista. Se as nações mais ricas estão nas áreas mais frias da Terra, e as mais pobres, nas mais quentes, isso deve querer dizer alguma coisa… Mas o quê???


Há pouco, ouvi cantar alguns galos ao longe. Não demora, vai amanhecer. Sempre amanhece depois que eles cantam. Mercadante é do tipo que acredita que, caso matemos todos os galos, o mundo cai numa noite eterna…


Ele vai cuidar da ciência e da tecnologia! Protejam os seus galos!


PS - E os petralhas ainda perguntavam: “Sem Lula, vai escrever sobre o quê?” Pois é…