sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!



De repente, num instante fugaz, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás; a nova aurora proclama: O ANO NOVO CHEGOU! É FESTA!
De repente, não mais que de repente, os olhos se cruzam, as mãos se entrelaçam, num abraço caloroso, e num só pensamento, exprimem  aspirações de saúde, paz, amor, harmonia, prosperidade... Felicidade.
Não importa a nação, a língua, a cor, porque todos são humanos e descendentes de um só Pai – Deus Eterno e Todo Poderoso.
Os homens lembram-se apenas de um só verbo: AMAR.
O passado já é outrora. É hora de agradecer a maior dádiva que têm: A VIDA.
Um anjo murmura bem baixinho: “o ontem é passado, o amanhã um mistério e o hoje uma virtude, por isso é chamado de presente. O nosso presente é celebrar a vida; cada instante é valioso e precisa ser vivido com intensidade”.
No momento da passagem do ano velho para o novo, parece que tudo se transforma; eis que chega o ano radiante de esperança.
De repente, um grito de alegria, pelo novo ano que aparece, anuncia: EIS O ADVENTO DE UMA NOVA DÉCADA! 
FELIZ ANO DE PAZ, AMOR, ESPERANÇA, FELICIDADE! 
FELIZ ANO NOVO!


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Reflexos da política de Lula


por Daniele Barizon
Contato: danielebarizon@oestadorj.com.br / Twitter: danielebarizon








O presidente Lula, logo que deixar o cargo, deverá pôr em prática um antigo plano: criar um instituto que ofereça auxílio na elaboração de políticas públicas e de infraestrutura no combate às desigualdades sociais, principalmente – mas não só – no continente africano. Em relação à infraestrutura, com foco no transporte e na geração de energia, pretende buscar ajuda internacional através de capitalização de verbas e doações.

Se depender de sua penetração no cenário exterior, tudo indica que o negócio estará bem encaminhado. Sua projeção é maior que a de qualquer outro mandatário tupiniquim. Através de uma política “carinhosa” – embora firme e objetiva – no dizer do jornal britânico Financial Times (grifo nosso), deu-se ênfase ao relacionamento com as nações sul-americanas e outras antes consideradas de menor peso, como África e países do Oriente Médio, sem descuidar dos Estados Unidos e países europeus e asiáticos.

Em território nacional não será diferente. Com 85% de aprovação, Lula é o presidente mais popular da história do Brasil, unanimidade mesmo em comparação com nomes de peso como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Se nos determos aos índices a partir da reabertura democrática, o ex metalúrgico coloca-se com folga, em cada um de seus pleitos (no segundo com respaldo de 63%), à frente de José Sarney (9%), Itamar Franco (55%) e Fernando Henrique Cardoso (58 e 35% no primeiro e segundo mandatos, respectivamente).

Embora seja pouco provável que aceite, o petista ainda é cotado para assumir a Secretaria Geral das Nações Unidas ou a chefia temporária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

WikiLeaks contraria a ética no jornalismo



O polêmico WikiLeaks, site especializado em publicar documentos secretos de governos e instituições privadas, começou divulgar, desde o dia 28 de novembro, os 251.287 telegramas de diplomatas americanos emitido dentro do Departamento de Estado e de 274 embaixadas e consulados.

Lançado em dezembro de 2006, o site objetiva veicular, (tendo como fontes exclusivas:  documentos, fotos e informações confidenciais vazadas de governos ou empresas), assuntos sensíveis dos bastidores da política mundial. O portal não mede esforços em atacar os grandes líderes de Estado.     

As revelações bombásticas do site atacam, principalmente, países como EUA e Reino Unido; publica revelações de abusos nas guerras do Iraque e Afeganistão; e desmascara desavenças nas relações entre EUA e os demais países. Segundo o criador do site, o jornalista Julian Assage, o fundamento do portal é fornecer, de maneira inovadora segura e anônima, informações para os grandes veículos de comunicação do mundo. “Nós publicamos material de valor ético, político e histórico, mantendo a identidade das fontes anônimas, proporcionando assim um caminho universal para a revelação de injustiças reprimidas e censuradas”, diz  Julian Assage.

Por certo, o site vem trazendo  desconfortos para muitos Chefes de Estado, como por exemplo, a Secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton. “Estado mental e saúde: como o estresse afeta seu comportamento e sua capacidade de tomar decisões? Quais providências estão sendo tomadas por Cristina e seus assessores para ajudá-la a lidar com o estresse? Ela toma medicamentos? ” comenta Hillary, em telegrama enviado  à embaixada de Buenos Aires. É notável que a crítica de Hillary, feita  a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não agradou, nenhum pouco, tanto a presidente quanto seus sucessores.

Pela primeira vez, as denuncias do site ecoou no Brasil.  Fez revelações significativas sobre a opinião dos EUA em relação à conduta dos líderes brasileiros, por ocasião da ausência de mobilizações contra o terrorismo. Os EUA veem no governo Lula pouca disposição para criar legislação contra o terrorismo.  Segundo os americamos, o Brasil ajuda prender, em seu território, suspeitos de ligações com grupos extremistas;  o governo brasileiro se recusa a tipificar crimes de terrorista para não “estigmatizar” a comunidade árabe ou manchar sua imagem turística; O Itamaraty, dizem os diplomatas, tem uma “tendência antiamericana”; O plano nacional de Defesa é definido como vago, e o submarino nuclear, antigo sonho da Marinha, é chamado de “elefante branco”; e a preocupação com a proteção da Amazônia é classificada como uma “tradicional paranóia brasileira”. Essas são algumas afirmações feitas, pelo embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, segundo um dos telegramas vazados da Casa Branca.

Para o presidente Lula, os vazamentos do WikiLeaks são tão insignificantes que não merecem ser levados a sério, mas os jornalistas afirmam que o semblante do presidente não é dos melhores ao retratar o caso. Para muitos, esse depoimentos não atrapalhará as relações diplomáticas entre os Países, mas todos acreditam não ser tão insignificantes assim. Basta ver como o governo americano duplicou esforços para enquadrar Julian Assage, o criador do site.

A postura de Julian Assage, que há quatro anos faz explícitas denúncias sobre diversos governos, trouxe a tona uma polêmica nos bastidores das redações jornalísticas brasileiras. A análise é se a atitude de  Julian Assage é ética ou não. Muitos acreditam que as revelações de Assage poderiam ser mais lapidadas e não ressaltadas de forma grosseira, e na íntegra, como vem sendo feito.

No editorial da Revista Época (leia: editorial e matéria), da última semana, o diretor de Redação Helio Gurovitz faz críticas pesadas ao site. “O WikiLeaks não se destaca pelo tratamento dado ao conteúdo, divulgado sem critério nem edição. Ele tem, porém, a pretensão de abrir uma nova fronteira no jornalismo, ao oferecer a descontentes a possibilidade de fazer denuncias anônimas”, diz Gurovitz. Há uma controvérsia: se o objetivo do WikiLeaks é munir o jornalismo mundial de informações à respeito dos bastidores das cúpulas dos principais países, é notável que o objetivo dele vem sendo alcançado.

Em nota, dada ao Jornal O Estado de São Paulo, A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica de "censura" a intimidação feita por governos e empresas contra o WikiLeaks. “A ONU ratifica que apenas tribunais poderiam julgar se os documentos que o grupo divulgou ferem ou não alguma lei de segurança nacional. Qualquer outra medida contra o grupo ou seu fundador, poderá ser considerada “intimidação e pressão”, alerta Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos da ONU.


Manifesto do presidente Lula à favor do site WikiLeak

Muito prazer, nós somos a Geração Y


Nós Jovens, nascidos entre os anos 1980 e 2000, somos considerados um elenco da Geração Y, também chamados de Geração Millennnial (Filhos do Milênio) ou Geração da Internet.

A nossa geração desenvolveu-se em uma época do boom dos avanços tecnológicos e da prosperidade econômica, ou seja, evoluímos seres totalmente competitivos, com mentes ágeis e individualistas. Competitivos:  gostamos de aventuras e desafios. Crescemos vivendo em ação. O JN noticia a Guerra Civil do Rio de Janeiro, a novela ficciona a tortura ou um assalto com o protagonista, depois vem Tela Quente, com o filme Duro de Matar 3: a vingança. A televisão influenciou muito na nossa personalidade e hábitos; Mentes ágeis: fomos estimulados por diversas atividades, fazendo tarefas múltiplas. Crescemos, no meio de diversos recursos da Internet, iPods, Messenger, redes sociais, celulares, imersos no mundo digital com um intenso fluxo de informações. Ao mesmo tempo em que lemos notícias na internet, conversamos por mensagens instantâneas, assistimos TV e falamos ao celular; seres individualistas: além de egoístas, somos solitário. Vivemos no nosso "mundinho" do MP3, vídeo games etc. Ficamos horas na internet. Viajamos o mundo via www, mas somos incapazes de ir ao quarto do lado para conversar com o irmão. Rita Loiola, responsável por estudos do comportamento humano, na Revista Galileu (leia), faz uma análise da Geração Y. Ela cita que, ao longo dos anos, fomos nos familiarizando com as evoluções tecnológicas. “Essa é a primeira geração que não precisou aprender a dominar as máquinas, mas nasceu com TV, computador e comunicação rápida dentro de casa. Parece um dado sem importância, mas estudos americanos comprovam que quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente”, explica Rita Loiola.     

A nossa geração influenciou muito o mundo mercadológico ou Mix de Marketing, a organizações devem estar atentas aos interesses dos clientes. Nós, da Geração Y, gostamos de preço, qualidade e inovação. Há um fenômeno chamado Obsolescência Programada, que dá vida curta aos produtos de forma absurdamente rápida. A cada dia surgi um celular mais moderno e multifuncional, e o que foi comprado ontem, tornou-se obsoleto. 

Outras mudanças ocorridas foram no mundo corporativo. A Geração Y é responsável por mudanças mais frequentes e profundas nas relações com as empresas. Uma geração que adora feedback, é multitarefa, sonha em conciliar lazer e trabalho e é muito ligada em tecnologia e novas mídias.

O jornalista, especialista em mundo corporativo, Max Gehringer fez uma análise, veiculada na Rádio CBN (ouça), sobre a influência da Geração Y nas empresas. Vejamos alguns tópicos:
  • Primeiro: 84% dos jovens querem ser ouvidos. Só 65% consideram que a empresa os ouve. 
  •  Segundo: 82% buscam um equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida. Porém, 56% confessam que, não apenas não têm esse equilíbrio, como ainda se sentem estressados no trabalho.
  •  Terceiro: 87% desejam que a empresa lhes dê oportunidades para aprender continuamente. Só 25% dizem que estão tendo essas oportunidades.
  • Quarto: 78% querem reconhecimento por seus méritos. Só 27% afirmam que estão tendo.

 Max Gehringer destaca outras constatações da pesquisa. Ele brinca que provavelmente, muitas dessas constatações, vem tirando o sono dos seus ouvintes gerentes:
  • Os jovens da geração Y não apreciam a hierarquia rígida, e acreditam que o poder nas empresas deve ser compartilhado. Também estão preocupados com as questões sociais e o meio ambiente, e querem trabalhar em empresas que enxerguem além dos resultados financeiros. 
  • Evidentemente, quando jovens que desejam tudo isso, entram em uma empresa, existe o choque entre a percepção de como o mundo corporativo deveria ser e, como de fato, ele é. Qual é a solução? A mesma usada há 40 anos, com a geração hippie. Ela mudou a maneira do mundo pensar, mas também se adaptou a algumas exigências do mercado de trabalho.
  • Da mesma forma, são os jovens da Geração Y que irão ditar as regras do mercado de trabalho quando atingirem cargos gerenciais. Eles abrirão mão de alguns de seus sonhos, mas transformarão outros sonhos em normas.
Veja mais características no infográfico da Hay Group


domingo, 12 de dezembro de 2010

Soneto 151 - William Shakespeare


O amor é muito jovem para ter consciência: 

Embora quem desconheça que esta nasça do amor? 
Então, gentil mentiroso, não me apresses, 
Minha culpa decresce quão mais doce teu ser for.
Pois, se me traíres, trairei 
A parte mais nobre do meu corpo – 
Minha alma diz que ele 
Triunfará no amor; a carne prescinde da razão;
Mas, elevando-me ao teu nome, te transformo 
Em seu prêmio mais dileto. Orgulhoso disso, 
Contenta-se em carregar seu pobre fardo,
Impor-se aos teus casos, tombar ao teu lado. 
Prescindo de consciência para chamá-la 
De amor – amor por que me ergo e tombo.

William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 23 de abril de 1564 - Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1616) 
Poeta e dramaturgo inglês. Mundialmente conhecido por suas peças de teatro (Hamlet, Romeu e Julieta, Otelo, Sonho de uma noite de verão, Henrique V e muitas outras), que atravessam os séculos sendo montadas e profundamente estudadas, publicou 154 sonetos, com primeira edição datada em 1609. Os poemas foram vertidos para o português em diversas ocasiões, aqui, a tradução escolhida é a de Thereza Christina Rocque da Motta.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Prefeito de Cabo Frio tem mandato cassado pela terceira vez

O prefeito de Cabo Frio, Marcos da Rocha Mendes, conhecido como Marquinho Mendes, e sua vice, Delma Jardim, tiveram o mandato cassado pela Justiça Eleitoral. Eles são suspeitos de corrupção eleitoral e compra de votos.

A decisão foi tomada na 96ª zona eleitoral do município, que fica na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.


A desconfiança sobre o prefeito começou pouco antes das últimas eleições, em 2008, quando Marquinho foi reeleito. Agentes do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) viram um caminhão da prefeitura fazendo doações, ato que poderia configurar a compra de votos.
Marquinho foi acusado ainda de ceder cargos públicos na Prefeitura em troca de apoio político.
Diante da cassação, a tendência é que Alfredo Gonçalves, presidente da câmara dos vereadores, assuma o cargo de forma interina até a diplomação de Alair Corrêa, segundo colocado nas últimas eleições.
Por meio de assessores o deputado estadual Alair Corrêa, que foi segundo colocado nas eleições e que, segundo a decisão judicial, vai assumir o posto de Marquinhos, disse ao Jornal O Globo, que  caso venha assumir a prefeitura, vai cancelar toda a programação de réveillon já anunciada pelo atual prefeito.  Informou ainda que dará um choque na cidade; fazer uma auditoria na prefeitura; e, iniciar obras somente em março, depois da alta temporada, para não prejudicar os turistas.          

Os advogados de Marquinhos irão recorrer da decisão.

Tragédia ou espetáculo? Especialista vê exagero na cobertura da violência no Rio


por Izabela Vasconcelos (Jornalista do Site Comunique-e)

Os confrontos entre traficantes e policiais no Rio de Janeiro, durante a última semana, ocupou boa parte das páginas dos jornais, revistas e espaço nas emissoras de televisão e rádio. No entanto, para o antropólogo Edilson Almeida da Silva, autor do livro Notícias da violência urbana: um estudo antropológico (Editora UFF), apesar do conflito não poder ser negligenciado, a cobertura jornalística cometeu excessos e tratou o assunto de uma forma simplista.

“Apesar de ser um grande conflito, há certa espetacularização do problema. É tratado de uma maneira maniqueísta, como mocinhos e bandidos. Apenas dois lados se contrapondo é uma forma simplista”, define o pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC), da Universidade Federal Fluminense.

Para ele, a cobertura da violência no Rio de Janeiro cresceu ao longo dos anos porque passou a atingir classes que antes não se sentiam fragilizadas. “A violência se difundiu para segmentos da sociedade que antes se consideravam mais afastados da violência, e agora se sentem sensíveis. Isso mobiliza a cobertura”, avalia.

Divulgar os suspeitos

Segundo ele, até pouco tempo a mídia adotou uma postura satisfatória ao evitar noticiar nomes de bandidos e facções, mas com o recente conflito, voltou a identificar os criminosos. “Para poder apoiar a ação das UPPs, eles acabam fazendo o que eles tinham evitado, usar os nomes dos bandidos, o que acaba dando um espaço que os criminosos não merecem”.

Silva também afirma que a mídia filtrou entrevistas e trouxe muitos relatos, mas alguns deles não refletiam a fiel realidade. “Os jornalistas fazem filtragens das pessoas da comunidade, dos moradores, mostram muitos felizes, mas nem sempre reflete o que todos estão sentindo”.

Destaque no Brasil e nos EUA

Durante o conflito, a Globo chegou a transmitir mais de cinco horas ininterruptas do confronto. A Record fez o mesmo por mais de duas horas. A semana do conflito também ilustrou, por dias, as manchetes de jornais, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. A equipe do jornal Extra fez transmissões por twitcam e criou uma página no Twitter exclusiva para a cobertura.

O jornal The New York Times chegou a afirmar que a mídia nacional conseguiu “cativar” os brasileiros para a cobertura do confronto como em nenhum outro evento desde a Copa do Mundo da África do Sul.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro

Crônica de Sylvio Guedes (editor-chefe do Jornal de Brasília)  




Imagem retirada no Facebook do jornalista

Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília, critica o “cinismo”… dos jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas.
Guedes desafia a todos que “tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir: eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro”.





Leia o artigo na íntegra:


É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.

Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente.

Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.

Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.

Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.

Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão.

Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato.

Festa sem cocaína era festa careta.

As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.

Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.

Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.

Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.

São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir:

"Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."

Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.

Cabo Frio promove a II Mostra Especialmente Arte


A Secretaria Municipal de Assistência  Social, junto o prefeito de Cabo Frio, Marquinho Mendes, promove a II Mostra Especialmente Arte. O evento acontece dia 09 de dezembro, às 19h, no Convento Nossa Senhora dos Anjos.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Entrei sozinho na favela sem dar satisfação. É a UPP dos Macacos


Jorge Antônio Barros
Rio de Janeiro

Jorge Antônio Barros é jornalista e escreve sobre criminalidade e segurança pública desde 1981. É editor-adjunto da editoria que trata de assuntos relativos ao Rio do jornal O Globo. É autor do blog "Repórter de Crime", no Globo Online.


A primeira vez que subi um morro foi o dos Telégrafos, em São Cristóvão, pelas mãos de Zefinha, a empregada lá de casa. Eu não tinha mais do que cinco anos de idade. E um detalhe me marcou muito: como as pessoas conseguiam viver em condições precárias em que predomina um cheiro forte de esgoto in natura predominava. Nunca mais esqueci aquele cheiro de vala.


Mais tarde, já na faculdade, me inscrevi no Projeto Rondon e onde fui parar? Num trabalho de pesquisa na Favela da Rocinha, feito pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Ainda existe isso? Já naquela época era marcante o medo da remoção, os moradores perguntando o tempo todo se a pesquisa era para que eles entregassem suas casas construídas com muito sacrifício. "Não temos para onde ir; não dá para voltar pro Nordeste", era o que eu mais ouvia, calça jeans e camiseta branca com o logotipo do Rondon.

Repórter de cidade do "Jornal do Brasil", nos anos 80, vi e conversei pela primeira vez com um bandido armado nas palafitas da Maré. Eram os "xerifes" - traficantes e assaltantes - com quem o extinto BNH teve que negociar para implantar o Projeto Rio - a urbanização das favelas da Maré - mais uma das portentosas obras do ministro do Interior, Mário Andreazza, que era preparado para ser o presidente civil dos militares. Na mesma década, encontrei com Marcinho VP, 17 anos, e um fuzil AR-15 niquelado que batia na altura do peito dele, numa viela da Nova Brasília, no Complexo do Alemão. No final dos ano 80, fui o primeiro repórter do Rio a viver por uma semana na Favela da Rocinha, onde eu, o fotógrafo Alcyr Cavalcanti, e o motorista Osmar Sombra, escapamos de morrer no meio de um fogo cruzado entre traficantes e bicheiros.

Desde o início do trabalho de repórter não me lembro de ter entrado numa favela sem ter que passar pela associação de moradores. Era de praxe. Ia lá puxar assunto com alguém, mesmo que o objetivo fosse tentar entrevistar o dono do morro. Só voltei a cobrir favelas durante a Operação Rio, em 94, mas o clima era tenso, e não lembro de militares transmitindo a menor sensação de segurança.

Ontem, terça-feira, dia 30 de novembro de 2010, vivi uma situação que não via há decadas. Vestindo calça jeans, camisa social, e levando minha pasta onde transporto minha UPJD (Unidade Portátil de Jornalismo Digital), entrei sozinho numa favela do Rio sem ter que dar satisfação para ninguém. Não estava em carro de reportagem nem usava o crachá. Passei tranquilamente pelas escolas municipais Assis Chateaubriand e Mário de Andrade, na entrada da favela. Fotografei a pichação, num beco: "ADA, bala nos pés pretos" (o nome de uma facção, sugerindo chumbo na PM). Mais adiante havia uma tropa de PMs perfilada. Era a inauguração da 13a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), do Morro dos Macacos, em Vila Isabel. A favela ficou marcada por que esteve envolvida nos conflitos que terminaram com um helicóptero da PM abatido por traficantes, deixando três policiais mortos. Um lugar marcado pela antiga política de confrontos, que resultou em tragédias como a morte de Alana Ezequiel, de 13 anos, em março de 2007, já no início desse governo.

Felizmente a política de confrontos do governo do estado foi substituída pela política da pacificação, do policiamento comunitário, ou de proximidade, como prefere o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri. Ontem, vi com meus próprios olhos o que os jornais contam. Gente sorrindo, religiosos agradecendo a Deus pelo "milagre", crianças brincando na piscina que era dos traficantes e agora será reformada e devolvida a toda a comunidade, como prometeu ontem o governador Sérgio Cabral.

Enquanto ouvia o discurso do governador, pelo alto falante, fui adentrando a favela, sob os olhares curiosos de alguns moradores. Dava pra notar que eu não era da área. Estava munido da minha handycam procurando algum personagem. Preferi não gravar com ninguém, não forçar ninguém a falar sobre algo tão novo que muitos deles ainda sequer compreendem. Mas percebi, apesar da presença de alguns políticos no palanque, que trata-se de uma revolução social, o que está acontecendo em algumas favelas. O tráfico nunca vai acabar enquanto houver usuários de drogas, mas o secretário Beltrame encontrou o tom correto do discurso: é preciso retomar o território.
A inauguração de uma UPP me lembrou muito aquelas cerimônias de Odorico Paraguassu, com padre, banda e tudo. Tem a banda da PM, policiais perfilados, oficiais de alta patente, cheios de estrelas e gemas por todo o uniforme, um forte esquema de segurança com guarda-costas ágeis e fortes, além de carros oficiais, alguns blindados. Tem até um sujeito oferecendo gratuitamente água filtrada e gelada num galão - é o aguadeiro da Cedae. Cabral brincava com todos, principalmente crianças. Estava igual pinto no lixo.
Mas no meio de todo esse barulho, que tem a finalidade de combater o crime, pela primeira vez senti um momento de alívio, senti que dá para se ter esperança de alguma mudança. Sem dúvida que será um trabalho árduo, mas seria muito bom ver toda a sociedade participando disso de alguma forma. Ontem infelizmente não ouvi ninguém, exceto um gari que não mora na favela, não quis dar palpite sobre o que os moradores pensam, mas entende a perplexidade de muitos moradores e até mesmo de jovens do tráfico que ainda devem estar por lá.
- Aconteceu de repente. É como se você acordasse e visse que tinha ganho na megasena. Da noite pro dia. O cara não acredita. Fica completamente zonzo - contou o gari.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Governo proíbe venda de antibióticos sem receita médica


Para quem não resiste à automedicação, precisa tomar mais cuidados, pois, a partir do último domingo (28/11), entra em vigor a nova regra para a venda de medicamentos. Todas as farmácias e drogarias serão obrigadas a vender antibióticos sob prescrição médica. Uma exigência proferida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.

A medida da Anvisa é combater superbactérias, como a klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), um organismo multiresistente à antibióticos, que ataca, principalmente, pessoas que estão com imunidade muito baixa e internadas em UTIS dos hospitais. Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o estado que mais sofreu com a bactéria KPC foi o Distrito Federal. O governo federal está acompanhando mais de perto os riscos causados na população do DF, e a Anvisa está avaliando o que provocou a disseminação da klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC ) nos hospitais públicos e privados de Brasília. Registros mostram que, desde janeiro, 15 brasiliense morreram contaminados pela superbactéria. Segundo balanço da Secretaria de Saúde, há hoje 135 pessoas contaminadas pela KPC no Distrito Federal.

Outra causa, que resultou na medida rigorosa da Anvisa e do Ministério da Saúde,  é a diminuição do uso indiscriminado de antibióticos no Brasil. Para muitos, já virou rotina a compra descontrolada de antibióticos e outros medicamentos. Muitos brasileiros usam, quase que diariamente, sem nenhum tipo de prescrição médica.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 50% das prescrições de antibióticos no mundo são inadequadas. Só no Brasil, o comércio de antibióticos movimentou, em 2009, cerca de R$ 1,6 bilhão, segundo relatório do instituto IMS Health.

A nova regra:
As farmácias e drogarias de todo o país só poderão vender esses medicamentos mediante receita de controle especial em duas vias. A primeira via ficará retida no estabelecimento farmacêutico e a segunda deverá ser devolvida ao paciente com carimbo para comprovar o atendimento.
As receitas também terão um novo prazo de validade, de dez dias, devido às especificidades dos mecanismos de ação dos antimicrobianos.  Os prescritores devem estar atentos para a necessidade de entregar, de forma legível e sem rasuras, duas vias do receituário aos pacientes.
As medidas valem para mais de 90 substâncias antimicrobianas, que abrangem todos os antibióticos com registro no país, com exceção dos que tem uso exclusivo no ambiente hospitalar.

Outras mudanças:
As embalagens e bulas também terão que mudar e incluir a seguinte frase: “VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA - SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA”. As empresas terão 180 dias para fazer as adequações de rotulagem.
Todas as prescrições deverão, ainda, ser escrituradas, ou seja, ter suas movimentações registradas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). O prazo para que as farmácias iniciem esse registro e concluam a adesão ao sistema também é de 180 dias, a partir da data de publicação da resolução (28/10).

Confira a íntegra da resolução.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ataques no RJ: Bope define como “desserviço” cobertura de Globo e Record

Site Comunique-se


As transmissões ao vivo da Rede Globo e Record com imagens da ação policial na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, foram motivos de críticas do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

Pelo Twitter, o serviço de comunicação da polícia carioca repreendeu a cobertura das duas emissoras, queixando-se das imagens feitas dos helicópteros. “Um desserviço prestado pelas aeronaves de Record e Globo", diz o post do Bope no Twitter.

Grande parte dos usuários da rede social concorda que este tipo de cobertura facilita a estratégia de defesa dos traficantes. Com a hashtag “#globocop”, internautas publicaram suas opiniões e questionamentos na rede social:

"O Globocop podia mostrar os traficantes em vez de dedurar os soldados do BOPE"

"O Globocop continua informando os bandidos do plano do BOPE?"

Sobre as críticas, a Record logo se prontificou sobre o assunto. “Estamos fazendo a cobertura jornalística de fatos graves e não recebemos nenhum pedido ou comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Rio para deixar de filmar alguma coisa", esclareceu a central de Comunicação da Rede Record.

A Globo ainda não se manifestou. 

Imagens captadas pela TV Globo mostram bandidos armados fugindo por uma estrada de terra


Na tarde desta quinta-feira (25), imagens captadas pela TV Globo mostram algumas dezenas de criminosos, fortemente armados, fugindo a pé e em carros pela rua A Pedreira, via de terra batida que liga a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão, por meio de uma floresta densa.

Foto: O Globo

Google Maps cria mapa dos ataques no Rio


O Google Maps  divulgou, nesta quinta-feira, um mapa com o registro dos ataques no Rio, durante a onda de violência e terror.

Na imagem é possível identificar os locais que sofreram os ataques e a reação da polícia para conter os bandidos.


Recortes de jornais de uma semana inteira de violência no Rio de Janeiro

Sábado, 20 de novembro
A onda de violência começou por volta das 23h de sábado, com ataques na rodovia Rio-Magé (BR-116), na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Numa tentativa de arrastão, um homem foi morto com um tiro de fuzil.

Domingo, 21 de novembro
Seis homens armados com fuzis abordaram três veículos na Linha Vermelha (uma das principais vias da cidade). Os criminosos assaltaram os donos do veículo e incendiaram dois desses carros, abandonando o terceiro. Logo após, enquanto fugia, o mesmo grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer), arremessaram uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Segunda-Feira, 22 de novembro
Motoristas de dois carros e uma van tiveram seus veículos incendiados em Irajá. No mesmo bairro uma cabine da PM foi baleada. À noite, suspeitos atiraram contra policiais em Del Castilho, no subúrbio, atingindo a cabine da PM e um carro que estava estacionado perto.

Também no subúrbio, na Via Dutra, dois carros foram queimados na altura da Pavuna e outros dois veículos foram roubados. Na Zona Norte, outros dois carros foram incendiados, um no Estácio e outro na Tijuca. Os tiros atingiram um carro que estava estacionado nas proximidades. Ninguém ficou ferido.

O serviço de inteligência do governo do Rio reúne-se para um plano de ação contra os terroristas; levantam hipóteses que os ataques podem ser planejados por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná.   

Terça-Feira, 23 de novembro
Um carro apareceu queimado, desta vez na Praça da Bandeira, na Zona Norte. Segundo policiais da 18ª DP (Praça da Bandeira), o proprietário contou que encontrou o carro pegando fogo e acredita que tenha sido um ataque.

A polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Quarta- Feira, 24 de novembro
23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado. Pessoas morreram em confronto com a polícia. Houve reforço do policiamento em toda cidade. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas.

O governo do Estado transferiu oito presidiários (acusados de liderar os ataques) do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos.

A onda de ataques já chegou ao interior do Estado. A Polícia Militar confirmou que um carro foi incendiado na Praia do Forte, região nobre da cidade. Segundo a PM, houve tentativa de incêndio em outros dois carros na cidade, mas, com a chegada da polícia ao local, os criminosos fugiram. Não houve feridos.

Quinta- Feira, 25 de novembro
No quinto dia de ataques ao Rio, um caminhão, um carro e uma moto foram incendiados na Avenida Brasil. Dois micro-ônibus foram incendiados em Rocha Miranda; um carro pegou fogo na Penha, bloqueando o trânsito.

No início da tarde, um ônibus foi incendiado em São Gonçalo, segundo testemunhas, três bandidos pararam o coletivo e mandaram as duas pessoas que estavam dentro descer. Em seguida, atearam fogo ao veículo. Bandidos atiraram uma granada de efeito moral no pátio do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) na Chatuba, em Mesquita. Uma van foi incendiada em Santa Cruz.