sábado, 27 de agosto de 2011

Pierre Lévy e Gilberto Gil debatem Cibercultura

Projeto: “Oi Futuro Cabeça”


Na noite de quinta-feira, dia 25 de agosto, o Blog Papo de Jornalista foi conferir a palestra de um dos maiores pensadores da comunicação via internet, Pierre Lévy, que debateu com o cantor e compositor Gilberto Gil temas como cibercultura, hipertexto e mídias digitais. A palestra "O poder da palavra na cibercultura" foi realizada no auditório do Oi Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro e faz parte da programação Oi Futuro Cabeça, que discute os rumos da literatura frente ao crescimento das mídias digitais. O projeto conta com a curadoria das professoras Heloisa Buarque de Hollanda e Cristiane Costa.

A palestra de Lévy causou um frisson entre os bairros do Flamengo e do Catete, muitos estudantes chegaram ao local quatro horas antes do início do evento, já que o acesso ao auditório foi controlado com a distribuição de senhas. O local da palestra abrigou cerca de 80 pessoas, e do lado de fora em dois ambientes, vários alunos e professores universitários disputaram um espaço para acompanhar por telões o debate entre Lévy e Gil. Até os atores, Humberto Carrão e Helder Agostini que são alunos universitários, estavam presentes.

Lévy se considera um otimista ao se dedicar aos estudos da cibercultura há mais de 20 anos. “Sou muito otimista, mas meu otimismo não promete fazer com que internet resolva, em um passe de mágica, todos os problemas culturais e sociais do planeta. Consiste apenas em reconhecer dois fatos. Em primeiro lugar, que o crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano”, afirma o estudioso.

Em meio às explicações abstratas sobre os estudos da cibercultura, Lévy partiu para explicações mais concretas e comparou humanidade às formigas. Em seu exemplo, ele disse que essa nova "camada" da web nos daria asas e, uma vez transformados em águias, poderíamos enxergar os processos, ou os caminhos traçados no formigueiro, como um todo, e não apenas uma parte. Dessa forma, nós teríamos uma visão geral de todo o processo. O que Gilberto Gil concordou. “As formigas criarão asas e poderão percorrer e enxergar o espaço” acrescentou o ex-ministro. Gil, ainda ressaltou que nada "é impossível" quando se trata da curiosidade humana e que seria interessante a ideia de uma inteligência coletiva que falasse "através de todos nós", mas que nunca tentasse dizer o que devemos fazer, nos permitindo ter liberdade.

Para Lévy, “O cérebro global já existe: é a internet. O que precisamos computadorizar são significados e contextos, e assim criar a inteligência coletiva”.

Lévy é professor da Universidade de Quebec e entusiasta das possibilidades cognitivas da Internet. É mestre em História da Ciência e doutor em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade de Sorbonne, da França. Nos anos 90, foi ele quem disseminou o conceito da “inteligência coletiva” pelo mundo, quando o ciber espaço ainda dava seus primeiros passos. O pensador também é autor de vários livros nesta área e suas publicações são muito utilizadas nas salas de aulas de quem estuda comunicação social. Os seus livros mais conhecidos no Brasil são: “Cibercultura” e “O que é o virtual?”

Nos próximos meses, o projeto "Oi Futuro Cabeça" continua abrindo espaço para os debates intelectuais com grandes pensadores, como Janet Murray, Robert Coover, Giselle Beiguelman, Ian Bogost e Arthur Protasio. Os encontros se encerram em dezembro com Labfest, espaço de troca e criação, que reunirá a comunidade literária impressa e transmídia num evento inédito e urgente no campo das letras.

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