sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Sistema Único de Saúde Brasileiro


O serviço público de saúde brasileiro está na UTI e não temos nenhuma perspectiva de mudar este quadro tão negativo. E apesar dos alarmes, muitos profissionais sentem o “privilégio” de banalizar ainda mais a situação da saúde em nosso país. Todos relacionados à saúde, – políticos e gestores –, são responsáveis por essa trágica história.
           
 Mas o que me motivou dar relevância ao caso e dissertar sobre o assunto nesta edição, além das diversas notícias lidas e ouvidas na mídia, foi um triste caso, veiculado por um programa jornalístico, em que uma criança de um ano e três meses morreu em frente às câmeras por problemas respiratórios devido à falta de infra-estrutura. O hospital não tinha uma UTI infantil para atender à criança e, em meio ao desespero dos médicos e enfermeiros em providenciar um mínimo de estrutura para salvar a criança, a pequena Ruth não resistiu e morreu. Cenas, fatos, desesperos de famílias, hospitais superlotados, pessoas morrendo às portas e nas macas dos hospitais que já sabemos existir  – já virou rotina no sistema de saúde brasileiro –, mas quando assistimos através da televisão, choca e nos faz refletir. O que é esperado, pois somos humanos.

 Fraudes não só cometido pelos grandes políticos, mas por gestores públicos, médicos e enfermeiros que, pela ganância asseguram múltiplas matrículas, mas nem aparecem aos locais de trabalho e, enquanto isso, pessoas precisam de atendimento médico – o velho jeitinho brasileiro de tirar proveito em tudo. O que nos leva a crer que a situação da saúde não está tão crítica assim. Dinheiro tem, mas é preciso gestores e políticos competentes e honestos para administrar estes recursos e utilizá-los melhor, pois falamos de vidas – vidas estas que precisam ser tratadas com mais respeito e dignidade.

 Em matéria de um jornal de grande circulação com o título: “Uma sangria a conta-gotas com o dinheiro da saúde”, foi noticiado que recursos bilionários são desviados de hospitais, clínicas credenciadas e unidades de saúde. Só na última investigação concluída, entre 2007 e 2010, o Ministério da Saúde e da Controladoria Geral da União, apontaram desvios de R$ 662,2 milhões no Fundo Nacional de Saúde. Dinheiro este que poderia salvar a vida da pequena Ruth e de tantas outras crianças, jovens, adultos e idosos que morrem diariamente por falta de assistência médica.

 A Constituição de 1988, regulamentada pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, criou um sistema que torna obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças monetárias sob qualquer pretexto. Centros e postos de saúde, hospitais, laboratórios, hemocentros, além de fundações e institutos de pesquisa fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio desse sistema os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas unidades de saúde públicas (nas esferas municipal, estadual e federal) ou privadas, contratadas pelo gestor público de saúde.

 A lei é clara quando diz que a sociedade tem direito a um atendimento digno de saúde. Aliás, a Constituição da República Federativa do Brasil, mais popularmente chamada de “Lei Mãe”, poderia ser considerada um ótimo livro de contos de fadas (digo isso com todo respeito e importância que dou à Lei), pois se tudo decretado na “Lei Mãe” fosse rigorosamente aplicado, o nosso país seria exemplo para o mundo inteiro.

 Brincadeiras a parte, a Constituição de 1988 é uma Lei séria que objetiva assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Mas, infelizmente, muitos, inclusive as lideranças políticas de nosso país, nunca nem leram o conteúdo da Lei e, por isso, não sabem a magnitude da mesma.

 Uma população doente e mal instruída se mantém dependente, escravizada e submissa às ações assistencialistas e eleitoreiras. Um povo saudável e educado se torna livre, soberano e capaz de decidir seu próprio futuro.


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