terça-feira, 14 de dezembro de 2010

WikiLeaks contraria a ética no jornalismo



O polêmico WikiLeaks, site especializado em publicar documentos secretos de governos e instituições privadas, começou divulgar, desde o dia 28 de novembro, os 251.287 telegramas de diplomatas americanos emitido dentro do Departamento de Estado e de 274 embaixadas e consulados.

Lançado em dezembro de 2006, o site objetiva veicular, (tendo como fontes exclusivas:  documentos, fotos e informações confidenciais vazadas de governos ou empresas), assuntos sensíveis dos bastidores da política mundial. O portal não mede esforços em atacar os grandes líderes de Estado.     

As revelações bombásticas do site atacam, principalmente, países como EUA e Reino Unido; publica revelações de abusos nas guerras do Iraque e Afeganistão; e desmascara desavenças nas relações entre EUA e os demais países. Segundo o criador do site, o jornalista Julian Assage, o fundamento do portal é fornecer, de maneira inovadora segura e anônima, informações para os grandes veículos de comunicação do mundo. “Nós publicamos material de valor ético, político e histórico, mantendo a identidade das fontes anônimas, proporcionando assim um caminho universal para a revelação de injustiças reprimidas e censuradas”, diz  Julian Assage.

Por certo, o site vem trazendo  desconfortos para muitos Chefes de Estado, como por exemplo, a Secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton. “Estado mental e saúde: como o estresse afeta seu comportamento e sua capacidade de tomar decisões? Quais providências estão sendo tomadas por Cristina e seus assessores para ajudá-la a lidar com o estresse? Ela toma medicamentos? ” comenta Hillary, em telegrama enviado  à embaixada de Buenos Aires. É notável que a crítica de Hillary, feita  a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não agradou, nenhum pouco, tanto a presidente quanto seus sucessores.

Pela primeira vez, as denuncias do site ecoou no Brasil.  Fez revelações significativas sobre a opinião dos EUA em relação à conduta dos líderes brasileiros, por ocasião da ausência de mobilizações contra o terrorismo. Os EUA veem no governo Lula pouca disposição para criar legislação contra o terrorismo.  Segundo os americamos, o Brasil ajuda prender, em seu território, suspeitos de ligações com grupos extremistas;  o governo brasileiro se recusa a tipificar crimes de terrorista para não “estigmatizar” a comunidade árabe ou manchar sua imagem turística; O Itamaraty, dizem os diplomatas, tem uma “tendência antiamericana”; O plano nacional de Defesa é definido como vago, e o submarino nuclear, antigo sonho da Marinha, é chamado de “elefante branco”; e a preocupação com a proteção da Amazônia é classificada como uma “tradicional paranóia brasileira”. Essas são algumas afirmações feitas, pelo embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, segundo um dos telegramas vazados da Casa Branca.

Para o presidente Lula, os vazamentos do WikiLeaks são tão insignificantes que não merecem ser levados a sério, mas os jornalistas afirmam que o semblante do presidente não é dos melhores ao retratar o caso. Para muitos, esse depoimentos não atrapalhará as relações diplomáticas entre os Países, mas todos acreditam não ser tão insignificantes assim. Basta ver como o governo americano duplicou esforços para enquadrar Julian Assage, o criador do site.

A postura de Julian Assage, que há quatro anos faz explícitas denúncias sobre diversos governos, trouxe a tona uma polêmica nos bastidores das redações jornalísticas brasileiras. A análise é se a atitude de  Julian Assage é ética ou não. Muitos acreditam que as revelações de Assage poderiam ser mais lapidadas e não ressaltadas de forma grosseira, e na íntegra, como vem sendo feito.

No editorial da Revista Época (leia: editorial e matéria), da última semana, o diretor de Redação Helio Gurovitz faz críticas pesadas ao site. “O WikiLeaks não se destaca pelo tratamento dado ao conteúdo, divulgado sem critério nem edição. Ele tem, porém, a pretensão de abrir uma nova fronteira no jornalismo, ao oferecer a descontentes a possibilidade de fazer denuncias anônimas”, diz Gurovitz. Há uma controvérsia: se o objetivo do WikiLeaks é munir o jornalismo mundial de informações à respeito dos bastidores das cúpulas dos principais países, é notável que o objetivo dele vem sendo alcançado.

Em nota, dada ao Jornal O Estado de São Paulo, A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica de "censura" a intimidação feita por governos e empresas contra o WikiLeaks. “A ONU ratifica que apenas tribunais poderiam julgar se os documentos que o grupo divulgou ferem ou não alguma lei de segurança nacional. Qualquer outra medida contra o grupo ou seu fundador, poderá ser considerada “intimidação e pressão”, alerta Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos da ONU.


Manifesto do presidente Lula à favor do site WikiLeak

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