Há um ano, Humberto Silva, 46
anos, descobriu que tem hepatite C. O diagnóstico já mostrou de imediato uma
cirrose, estado avançado da doença. Os médicos não souberam dizer quando houve
a infecção, mas supõe-se que foi ainda na infância, quando passou por uma
cirurgia, e somente depois de anos foi detectada.
“Não sentia nada. A hepatite fica
hospedada na pessoa e vai acabando com o fígado dela aos poucos, sem que ela
perceba”, disse Silva, que preside a Associação Brasileira dos Portadores de
Hepatite.
Assim como o brasileiro Humberto
Silva, milhares de pessoas em todo o mundo têm a doença e não sabem. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 2 bilhões tenham sido
infectados pelas hepatites virais e 1 milhão morram por causa da doença a cada
ano. O vírus é de 50 a
100 vezes mais infeccioso do que o HIV.
No Dia Mundial de Combate às
Hepatites Virais, lembrado nesta quinta-feira, 28, a OMS chama a atenção das
autoridades e nações para a importância do diagnóstico precoce dessa epidemia
silenciosa. Na maioria dos casos, os sintomas não aparecem e, quando ocorrem,
pode ser um sinal de que a doença está na fase crônica. Os mais comuns são
cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos
amarelados, urina escura e fezes claras.
“A pessoa não se reconhece
doente. Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico é muito difícil”, disse o
presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná. O médico
alerta que o consumo de álcool e a obesidade contribuem para evolução mais
rápida da doença.
Estima-se que existam 5 milhões
de brasileiros infectados pelos vírus B e C da hepatite, segundo as entidades
da sociedade civil. Mais de 90% desconhecem ter a doença. De 1999 a 2009, foram
confirmados mais de 284 mil casos dos cinco tipos de hepatite (A,B,C,D e E) no
Brasil, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo período, 20.073 mortes foram
registradas, sendo 70% delas devido à hepatite C, a mais agressiva. No país, as
mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
Sem saber da doença, aumenta o
risco de a inflamação no fígado agravar-se e provocar danos mais graves à
saúde, como cirrose ou câncer. Humberto Silva, presidente da Associação
Brasileira dos Portadores de Hepatite, defende que os médicos criem o hábito de
pedir o teste para identificar a doença precocemente. O exame pode ser feito
por meio da coleta de sangue ou biópsia do fígado. “É preciso que alguém
interrompa o ciclo da hepatite. Não se pode esperar que a pessoa descubra
sozinha”, disse.
O tratamento está disponível na
rede pública de saúde, pode ter duração de seis meses a um ano, dependendo do
tipo de hepatite. Podem ocorrer efeitos colaterais, como dores musculares e
queda de cabelo, mas a taxa de abandono da terapia é baixa. Os medicamentos
mais usados são o Interferon (injeção subcutânea) e a Ribavirina (comprimidos).
Na rede privada, o tratamento pode chegar a R$ 50 mil.
Existem vacinas contra as
hepatites A e B, disponíveis em centros de referência imunobiológica e nos
postos de saúde, respectivamente. A hepatite C não tem vacina, mas pode ser
curada.
Como é a transmissão das
hepatites virais:
- Hepatites B e C: transmitidas
por relação sexual, da mãe para o filho durante o parto, pelo uso compartilhado
de seringas, lâminas de barbear, alicates de unhas e objetos cortantes, assim
como os usados em tatuagem e piercing, e por transfusão de sangue infectado. No
caso da C, a infecção pelo sexo é mais rara.
- Hepatite D: ocorre em quem tem
o vírus da hepatite B. A transmissão é semelhante à do tipo B.
Fonte: Agência Brasil
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